terça-feira, 29 de novembro de 2011

O dom da palavra nas mídias sociais

O enorme esforço de persuasão que é necessário despender para criar a comunicação com o usuário através da palavra.

Por Bruno Rodrigues

Imagine uma sessão de hipnose. Na penumbra, estão um voluntário e você, o mágico. Na sua mão direita, um pêndulo balança incessantemente. Antes que um de vocês perceba, a experiência surte efeito.

Agora transponha a situação para as mídias sociais: você tem a missão de fisgar o usuário, que está ali de livre e espontânea vontade, e é no uso da palavra que você tem a ferramenta mais eficaz para a tarefa – seu ‘pêndulo digital’, portanto.

Entenda como ‘pêndulo’ o enorme esforço de persuasão que é necessário despender nas mídias sociais para criar a comunicação com o usuário através da palavra – e por isso é essencial saber conversar com os mais diferentes perfis.

E m resumo, todo o esforço de ‘hipnose’ corre o risco de ir por água abaixo se a persuasão não passar de intenção, ou seja, se você não souber fazer o ‘pêndulo’ se movimentar.

Mais uma vez, é bom lembrar: é a palavra que move a persuasão nestes ambientes.

Então, vamos à experiência: palavra como força motora para a persuasão; de um lado, está a informação; do outro, o relacionamento.

O ‘pêndulo’ se movimenta: a informação leva ao relacionamento; o relacionamento leva à informação; a informação leva ao relacionamento.

Um ponto leva ao outro, e quanto mais informação e relacionamento trocam figurinhas, mais a palavra toma força e a persuasão conquista o usuário.

Para lá, pra cá, com rapidez e eficiência.

Que fique claro: informação e relacionamento existem nos dois ambientes mais conhecidos das mídias sociais: redes e microblogs – o que não é novidade para ninguém.

Para que o movimento do ‘pêndulo’ não pare no meio, contudo, é preciso enxergar além do óbvio e perceber que, dependendo do ambiente, é informação *ou* relacionamento quem manda o ‘pêndulo’ de volta.

Em um dos ambientes a informação atrai a palavra, utiliza-a como veículo e manda o ‘pêndulo’ de volta. No outro, é o relacionamento quem usa a palavra e empurra o ‘pêndulo’ para a informação.

Mas em que extremo, em que ambiente manda a informação? E em qual deles o relacionamento dá as cartas?

* Nas redes sociais, o relacionamento leva à informação

É no contato mais próximo possível com uma marca que o usuário conhece seus produtos, serviços e a própria empresa, e nenhum ambiente é tão propício que uma rede. Mas só existe interesse se há informação; e só há informação se os ‘embaixadores’ da marca estão presentes na rede todo o tempo.

É a conversa que gera o interesse pela marca nestes ambientes; quanto mais contato, mais persuasão. Mas, atenção: informação perene e organizada mora em sites, e não em redes – o que não impede que elas *também* estejam lá, é claro. Papo e palavra levam à persuasão, que por sua vez leva à informação, seja onde ela estiver.

* Nos microblogs, a informação leva ao relacionamento

Poucos caracteres e uma precisão cirúrgica sobre o que dizer. Em um post de um microblog, quem faz contato é a informação. O usuário passa rápido, assimila o que quer e o que pode.

Continuidade não existe; a fidelidade só existe na teoria, lá trás, quando o usuário começou a seguir o perfil da marca. Por isso, não conte com encadeamento de ideias. Dê seu recado e continue o trabalho. Dê o que o usuário deseja ali, mesmo, e trabalhe pelo relacionamento. Sempre que possível, encaminhe-o para as redes, onde há mais informação e contato. E, mais uma vez, valorize o site, pois lá estão as informações mais profundas, e – que não caia no esquecimento – as tradicionais ferramentas de relacionamento.

Fonte: http://webinsider.uol.com.br/2011/09/20/o-dom-da-palavra-nas-midias-sociais/

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

VII Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-Graduação do UniRitter


VII Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-Graduação do UniRitter A Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-Graduação (SEPesq) é promovida pela Pró-Reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação e Extensão (ProPEx) e este ano está na sua sétima edição. O tema "Internacionalização na Educação Superior" envolve um dos aspectos em discussão no ambiente educacional brasileiro, bem como a associação do UniRitter à rede Laureate International Universities.

O evento concentra várias modalidades de encontros acadêmicos, como apresentações, debates, palestras e exposições que divulguem trabalhos oriundos das atividades de Pesquisa, Extensão e Pós-Graduação.

A VII SEPesq está ocorrendo de 21 a 25 de novembro de 2011, no Centro Universitário Ritter dos Reis (UniRitter).

O CD com os trabalhos inscritos e aceitos, artigos e resumos, é publicado pela Editora UniRitter e identificado com ISBN, mantendo a preocupação do evento em legitimar as publicações.

Maiores informações:

•ProPEx - (51) 3230.3323

Campus Porto Alegre:

Rua Orfanotrófio, 555
Alto Teresópolis
Porto Alegre-RS
CEP 90840-440
Telefone (51) 3230-3333

Campus Canoas:

Rua Santos Dumont, 888
Bairro Niterói
Canoas-RS
CEP 92120-110
Telefone (51) 3464.2000, (51) 3032.6000

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

LINGUA E LINGUAGEM

NADIA BETANIA

INTRODUÇÃO

Na sociedade em que vivemos a linguagem perpassa cada uma de nossas atividades individuais e coletivas, verbais e não verbais. As línguas se cruzam, se complementam e se modificam incessantemente, acompanhando o movimento de transformação do ser humano e suas formas de organização social. No presente artigo aborda-se a língua e a linguagem verificando-se no ato da fala estas qualificam-se no processo comunicativos do ser falante. A obra fora confeccionada na visão do estudioso Saussure, onde o mesmo será publicado via on line,para que possa contribuir com os acadêmicos,professores e outros interessados no campo da ciência em prol social.

1. LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO

A língua é, portanto como afirma Saussure é um "sistema de signos", ou seja, um conjunto de unidades que estão organizadas, formando um todo. O signo como associação entre significantes (imagem acústica) e significado (conceito).

A linguagem verbal é por sua natureza comunicativa, faz com as pessoas se entendam e possam construir referenciais comuns entre si. Conjunto dos sons emitidos quando se fala tem uma ordem, uma gramática da língua.A língua, como vimos, é a linguagem que utiliza a palavra como sinal de comunicação.

O caráter social da língua é facilmente percebido quando levamos em conta que ela existe antes mesmo de nós nascermos. Cada um de nós já encontra a língua formada e em funcionamento, pronta para ser usada. E, mesmo quando a pessoa deixa de existir, a língua, subsistirá independentemente de nós. A língua pertence a todos os membros de uma comunidade; por isso faz parte do patrimônio social e cultural de cada coletividade.

Linguagem é um conjunto de sinais de que o homem se serve para comunicar-se. A comunicação humana é realizada de várias maneiras, por meios de apelos visuais, auditivos, linguagem corporal e principalmente pela linguagem verbal.

A linguagem não é só um sistema um instrumento utilizado para a comunicação ou veiculação de informações, mas principalmente, uma forma de mostrarmos socialmente aquilo que pensamos que somos o que entendemos do mundo, o que gostaríamos que os outros enxergassem em nós. Para Suassure (1969:26-28)

"Se na dicotomia sincronia versus diacrônica se estabelecem duas maneiras de estudar a língua, na dicotomia língua versus fala há a definição do conceito de língua. Porque a língua é coletiva e a fala e a é particular, portanto, a língua é um dado social e a fala é um dado individual. Além disso, a língua é sistemática e a fala é assistemática".

Baseado em um dos estudos de Saussure sobre a linguagem, destaca-se a relação intrínseca língua e fala. Na definição do lingüista genebrino, língua "é a parte social da linguagem que, em forma de sistema, engloba todas as possibilidades de sons existentes em uma comunidade". Passado desse principio, a língua se caracteriza como ato exterior ao individuo que, não pode criá-la nem modificá-la. De acordo com os lingüistas, a língua evolui de geração em geração.

A língua é uma construção de determinada sociedade e, portanto, um conjunto de escolhas que representam os valores, os modos de se ver, sentir e ser dos grupos sociais. O conjunto de regras de uma língua é estudada pela gramática.

A língua é exterior aos indivíduos, e por isso, este não podem criá-las ou modificá-las individualmente. Ela só existe em decorrência de espécie de contato coletivo que se estabeleceu entre as pessoas e ao quais todos aderiram. A língua portuguesa, por exemplo, pertence a todos que dela se utilizam. Embora popularmente a maioria das pessoas utilize as palavras linguagem, língua e fala para designar a mesma realidade, do ponto de vista lingüístico, esses termos não devem ser confundidos.

É claro que a distinção que se faz entre linguagem, língua e fala tem caráter meramente metodológico, uma vez que esses três conceitos revelam aspectos diferentes de um processo amplo, que o da comunicação humana. Isso, provavelmente, explique a razão por que a maioria das pessoas emprega essas três palavras para designar uma mesma realidade.

Linguagem é todo sistema de sinais convencionais que nos permite realizar atos de comunicação. Ao nosso redor pode-se observar vários tipos de linguagens, tais como, a linguagem dos surdos-mudos, dos sinais de trânsito,a linguagem que usamos,etc.

Além da linguagem verbal, cuja unidade básica é a palavra (escrita, falada), existe linguagens não-verbais que são aquelas que utilizamos para atos de comunicação outros sinais que não palavras, como a música, a dança, etc. Mais recentemente com o aparecimento da informática, surgiu também a linguagem digital, que permite armazenar e transmitir informações em meios eletrônicos.

1.2 As variedades lingüísticas

Cada um de nós começa aprender a língua em casa, em contato com a família e com as pessoas que nos cercam. Aos poucos vamos treinando nosso aparelho fonador (os lábios, a língua, os dentes, os maxilares, as cordas vocais) para produzir sons que transformam em palavras, frases e textos inteiros, e vamos nos apropriando ao vocabulário das leis combinatórias da língua,ate nos tornarmos bons usuários dessas ,seja pra falar e ouvir ,seja para escrever ou ler .

Em contato com outras pessoas na rua, na escola, no trabalho, observamos que nem todas falam como nos isso ocorre por diferentes razões: porque a pessoa vem de outra região, por ser mais velha ou mais jovem; possuir menor ou maior grau de escolaridade; por pertencer ao um grau de escolaridade; por pertencer ou classe social diferente. Essas diferenças no uso da língua constituintes as variedades lingüística.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Portanto a língua é um aspecto da linguagem. Trata-se de um sistema de natureza gramatical. Pertence a um grupo de indivíduos, formado por um conjunto de sinais (palavras) e por um conjunto de regras e combinações desta. É uma instituição social de caráter abstrato, exterior aos indivíduos que a utilizam, que somente concretiza através da fala e que é também um ato individual de vontade e inteligência.

No entanto, se compreendermos a língua como fruto de um processo de construção histórica e social, concluiremos que ela está em constante transformação;sem cristaliza-se em formas eternas, ela muda.Porque o ser humano é assim, mutante e criativo. As necessidades humanas se alteram, e com elas a língua que as representa e cria referenciais históricos.

Fonte: http://www.artigonal.com/ensino-superior-artigos/lingua-e-linguagem-3201224.html

Linguagem digital: o desafio da expressão na web

por Jussara Dutra Izac

Arquitetura da informação é a expressão-chave quando se fala em conteúdo web com qualidade. Aplicar um raciocínio arquitetônico para dispor as informações em sites, portais ou intranets, de maneira organizada e atraente, é determinante para valorizar os textos oferecidos e facilitar sua compreensão.

Essa abordagem é tão essencial porque o grande diferenciador da linguagem de internet em relação à escrita e outras formas de expressão é o hipertexto, ferramenta que elimina linearidade própria de outras formas de discurso. Com o hipertexto, o leitor lê o texto na ordem que quer e escolhe as partes de seu interesse.

O jornalista e publicitário Bruno Rodrigues, autor do livro “Webwrinting: Redação e Informação para a Web”, comenta no texto Escrevendo na web que uma das características da linguagem digital é que o texto deve ser estruturado em camadas, de forma que os diversos públicos tenham acesso às informações que desejam de forma rápida e eficiente.

Ele usa como exemplo a publicação do perfil de uma empresa em sua home page e explica: um estudante do primeiro grau pode precisar, para sua pesquisa de escola, de informações sobre a história da empresa; um jovem de segundo grau talvez se interesse pelas ações de responsabilidade social; e um profissional formado pode querer conhecer as relações comerciais da companhia com o exterior. Com a técnica das camadas é possível organizar um grande volume de informação em pequenos blocos de texto, que tornam a pesquisa ágil e atrativa para todos os públicos.

A explicação de Rodrigues demonstra o quanto a linearidade foi suprimida da rede. No caso, nenhum internauta vai ler todo o perfil da companhia em questão, mas todos deverão obter a informação que procuram. Resumindo, ele aconselha: “Dê preferência a textos curtos, mas não deixe faltar informação”.

Para professora da PUC-SP, Pollyana Ferrari, a principal diferença da linguagem digital em relação à expressão escrita está na forma de hierarquizar a informação, com base em um sistema de referências. Nesse sentido, ela considera que, além da estrutura de camadas, comentada por Rodrigues, o fundamental é saber indexar os dados, criar links adequados e usar palavras que sejam facilmente encontradas pelas ferramentas de busca. “As pessoas precisam entender que a internet – e as intranets – são veículos de comunicação, mas também são bancos de dados, onde o que fica armazenado deverá ser encontrado facilmente”, analisa.

Uma regra aceita pelo mercado web é que qualquer informação deve ser encontrada com até três cliques. Parece fácil, mas na prática a maioria dos sites não segue a orientação. “E isso acontece porque a maioria das pessoas ainda pensa na estrutura do texto para o papel”, destaca Pollyana, que também presta consultoria na área e tem dois livros publicados: “Jornalismo Digital” e “Hipertexto, Hipermídia”.

Segundo a especialista, tanto é difícil pensar em termos de arquitetura da informação que um dos cursos mais procurados atualmente por profissionais da área é o de indexação. O webwriting – ou escrita para o ambiente web – é composto pelo conjunto dos elementos texto, design e tecnologia. “É preciso haver uma integração dos três: texto correto e atrativo, design amigável e conhecimento da tecnologia para explorar melhor as possibilidadades”, resume Pollyana.

Referindo-se ao texto propriamente, Rodrigues ressalta que a escrita para web deve ser informativa e criativa, pode conter certo humor e necessita de um toque de persuasão. Mas fundamentalmente, afirma ele, antes de escrever é preciso pensar, exercitar um raciocínio amplo sobre o ambiente web e a conexão entre o conteúdo e as várias possibilidades de exibi-lo.

Como escrever bem em ambiente web

Estilo – A combinação dos estilos jornalístico e publicitário é o ideal para a internet. Essa mistura agrega ao caráter informativo do jornalismo, um toque de persuasão próprio da publicidade.

Estética – Aproveitar os recursos da internet para valorizar o texto. A parceria afinada entre webwrighting e webdesign é essencial para conseguir resultados de qualidade.

Objetividade – Tanto os textos devem ser curtos, quanto o volume de informação visual deve ser bem dosado. Banners e janelas demais confundem e cansam o internauta.

Correção – A norma culta da língua portuguesa deve ser respeitada em qualquer meio de comunicação, seja digital, impresso ou eletrônico. Escrever corretamente é o mínimo que se pode exigir de qualquer pessoa que deseje se expressar na web.

Concepção – Texto para web é para web. Jamais transfira um conteúdo pensado para mídia escrita para o ambiente de rede.


Fonte: http://www.senado.gov.br/portaldoservidor/jornal/jornal99/informatica_linguagem_digital.aspx

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Prova mostra que mais de 40% dos alunos alfabetizados não sabem ler e escrever


por Carolina Benevides e Sérgio Roxo

RIO e SÃO PAULO - No primeiro semestre deste ano, a Prova ABC (Avaliação Brasileira do Final do Ciclo de Alfabetização) realizada pela primeira vez, nas capitais de todo o país, por crianças que concluíram o 3º ano do ensino fundamental, apontou que 43,9% não aprenderam o que era esperado em Leitura para esse nível de ensino. Em relação à Escrita, 46,6% não atingiram o esperado.

Parceria do Todos Pela Educação com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), a prova foi aplicada em escolas públicas e privadas, e mostrou que mesmo nas particulares nem todos os alunos atingem 100% de aproveitamento. No caso da Leitura, 48,6% dos estudantes da rede pública tiveram o desempenho esperado. Nas particulares, o percentual foi de 79%. Em relação à Escrita, 43,9% dos alunos matriculados na rede pública aprenderam o esperado, e 86,2% dos da rede privada.

- Nenhuma criança pode concluir esse período, chamado de ciclo de alfabetização, sem estar plenamente alfabetizada. O que a prova mostra é que estamos ampliando a desigualdade educacional, já que muitos alunos não têm as ferramentas básicas para os anos seguintes - diz Priscila Cruz, diretora-executiva do Todos Pela Educação, ressaltando que mesmo as escolas particulares enfrentam problemas: - São instituições que ensinam para alunos com mais acesso à cultura e pais escolarizados, por exemplo, mas ainda assim não tem 100% de alfabetização ao término do 3º ano.

- O governo precisa entender que temos um problema. O Brasil não tem método, não tem objetividade na hora de alfabetizar. Sem método, a criança brilhante aprende e as outras não. Desse jeito também, muitas acabam aprendendo por teimosia, porque foram ficando na escola, não porque aprenderam na época correta - diz João Batista de Oliveira, presidente do Instituto Alfa e Beta, que não vê com bons olhos a recomendação do Conselho Nacional de Educação (CNE) de que as crianças não devem ser reprovadas nos três primeiros anos do fundamental, porque cada uma tem um ritmo de aprendizagem:

- É irresponsável dizer que cada criança aprende no seu ritmo. Isso é um atraso. A criança que não é alfabetizada aos 6 anos fica com dificuldade para aprender outras disciplinas. No segundo ano, o professor não é preparado para ensinar o que ela não aprendeu e os livros já exigem que ela saiba ler.

No Rio, 10.500 alunos estão sendo realfabetizados

Mãe de um menino de 9 anos, que cursa o 4º ano do fundamental numa escola municipal da periferia de São Paulo, Vanessa Alves da Silva percebeu, durante uma ida ao mercado, que o filho Marcus Ricardo não sabia ler.

- Ele não conseguiu ver o preço dos produtos nem ler o que estava escrito nas embalagens. Eu tento incentivar, dou recortes de jornal para ele ler, mas ele gagueja e não consegue de jeito nenhum. Além disso, ele tem dificuldade para ler as coisas na cartilha. Na aula, é só cópia o tempo todo. O meu mais velho, de 10 anos, também tem problemas para ler - conta Vanessa, que acredita que a defasagem se acentue com o passar dos anos. - Agora, ele vai para o 5º ano sem saber ler.

No 6º ano do ensino fundamental, a neta do vigilante Hamilton de Souza tem dificuldades para ler e escrever. Responsável pela menina de 11 anos, Souza se preocupa:

- Como ela vai arrumar emprego? Como vai fazer para preencher uma ficha de contratação se não consegue escrever?

Tia de um menino de 9 anos, que cursa em São Paulo o 3º ano do fundamental, Jaqueline Alves Costa atribui as dificuldades dele ao excesso de alunos em sala:

- São 28 alunos. A professora não consegue explicar e só manda eles fazerem cópia. Eu acho que ele precisa de aula de reforço e que as classes deviam ter um segundo professor.

Secretaria de Educação do município do Rio e conselheira do Todos pela Educação, Claudia Costin reconhece que a prova ABC retrata um problema grave.

- A pesquisa não surpreende em termos de Brasil. O país precisa investir muito forte na alfabetização. A escola é o espaço de oportunidades futuras, e a prova mostra que o índice é frágil mesmo nas particulares. Nas públicas, o resultado é pior, e se a gente já começa perdendo, o apartheid educacional cresce - diz Claudia, que ao assumir a secretaria se deparou com 28 mil analfabetos funcionais no 4º, 5º e 6º anos do fundamental. - Isso representava o seguinte: 14% das crianças desses anos sem ler e escrever. Começamos, então, a realfabetizar os alunos, e tivemos sucesso com 21 mil. No entanto, percebemos que a progressão automática sem reforço escolar e sem acompanhamento faz com que a criança se torne invisível. E aí o insucesso também fica invisível. É preciso definir um currículo claro, oferecer aulas de reforço, formar professores e fazer com que entendam que é fundamental alfabetizar no primeiro ano. Ainda assim, este ano, temos 10.500 alunos em processo de alfabetização nessas séries.

Em São Paulo, a Secretaria municipal de Educação também implantou turmas de reforço no 3º e no 4º ano para atender alunos com dificuldades para ler e escrever. Foram criadas salas de apoio pedagógico para esses estudantes. A prefeitura diz ainda que as notas da Prova São Paulo mostraram, em 2010, um aumento de 25,7% no número de alunos alfabetizados no 2º ano.

Coordenadora pedagógica do Fundamental II, da Escola Edem, no Rio, Rosemary Reis destaca a importância da educação infantil para o sucesso da alfabetização:

- As crianças têm uma leitura do mundo antes da palavra. Por isso, é importante levar a para a sala de aula a possibilidade da criança conviver com textos. Na Edem, com um ano os alunos já manipulam livros, depois começam a conversar sobre o que viram, passam a ter contato com a escrita e com quatro, cinco anos escrevem o nome.

Priscila Cruz também aposta na educação infantil para que o país melhore os índices de alfabetização.

- É a melhor política para combater o analfabetismo. Pesquisas mostram que crianças que frequentam a educação infantil chegam ao 1º ano com um repertório melhor. Se elas não têm acesso à cultura em casa, se os pais não são escolarizados, a educação infantil as prepara, dá equidade.


Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/educacao/mat/2011/11/06/prova-mostra-que-mais-de-40-dos-alunos-alfabetizados-nao-sabem-ler-escrever-925746619.asp#ixzz1dEaiI911
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ABL é processada por irregularidades no Acordo Ortográfico

RIO - Mais de dois anos depois de implatado, o novo "Vocabulário Ortográfico da Língua Brasileira" (Voip) - feito a partir do acordo ortográfico, que teve como proposta simplicar a forma de escrever - ainda gera polêmica com relação as regras estabelcidas, principalmente quanto ao uso do hífen. Com o objetivo de sugerir uma simplificação da forma de escrever, o professor Ernani Pimentel líder do movimento Acordar Melhor entrou com uma ação popular contra a Academia Brasileira de Letras (ABL). O processo acusa a Academia de lesar o patrimônio cultural brasileiro com a implantação do Novo Acordo Ortográfico. De acordo com Pimentel, a instituição não respeitou o tratado assinado em Portugal, com os paises de lingua portuguesa, com o objetivo unificar a mesma.

- A ABL impôs o Volp como a voz do acordo ortográfico universalizado, fez alterações no instrumento firmado em Lisboa. As palavras coerdeiro e anistórico que, pelo documento português, deveriam ser escritas com hífen, no Volp foi tirado o sinal e o "h". A academia não tem autoridade para isso. Qualquer alteração teria que ser submetida ao Congresso Nacional e essas não foram - afirma.

A ação também pede para que a oficialização do novo acordo, prevista para janeiro de 2013, seja prorrogada com a intenção de ampliar o prazo de discussões.

- Devemos seguir o exemplo de Angola e Moçambique que ainda não ratificaram o acordo e estão solicitando prazo maior. Portugal também ainda não aplicou as novas regras. Eles estão resistentes. As novas regras só devem ser colocadas em prática a patir de 2015 - justifica.

Ernani Pimentel diz que não é contra o Acordo Ortográfico, mas sim pela forma como foi conduzido.

- Sou a favor do aprofundamento dele. A proposta de simplificar a língua é ótima. Isso traz muitas vantagens ao movimento editorial, os livros ficam mais baratos. Mas nada disso não aconteceu. Hoje temos tantas regras que fica difícil para qualquer um aprender bem o português - diz.

Segundo ele, algumas alterações foram boas, como o fim dos acentos nas vogais duplas (vêem, lêem, crêem).


Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/educacao/mat/2011/11/09/abl-processada-por-irregularidades-no-acordo-ortografico-925767571.asp#ixzz1dEZqyrne
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