segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Materialidade dos Dispositivos de Leitura Eletrônicos

Pesquisador de cibercultura, André Lemos conta que nunca leu tanto como quando comprou um Kindle. E acredita que em pouco tempo os livros impressos serão peças de coleção. Da mesma forma as livrarias se tornarão lugares para leituras especiais de livros impressos especiais.



André Lemos

A Amazon.com acaba de anunciar que suas vendas de livros eletrônicos superaram a venda de todos os livros em papel. Esse é um marco na atual reconfiguração da cadeia produtiva dos livros, para escritores, editoras, distribuidores e leitores. Comprei um Kindle e estou lendo mais do que nunca. Voltei inclusive a ler jornal (e não clicar em links nos jornais online), assinando alguns periódicos (coisa que não fazia há muito tempo). A tinta eletrônica é excelente e a tela parece papel. Por não ser iluminada, ela garante um grande conforto. Esse conjunto de características faz da leitura uma experiência muito similar à leitura de um livro em papel, de um jornal ou revista impressa. Voltarei à essas diferenças mais adiante. Além do mais, não há pirotecnias (o que sempre me incomodou em CD ROMs, DVDs e livros interativos), é ligar e ler, simplesmente. Há muitas vantagens como o acesso ao dicionário ao posicionar o cursor próximo a alguma palavra, marcação e notas que podem ser estocadas e compartilhadas no Twitter, compra e acesso imediato de livros, revistas ou jornais (sem espera ou pagamento de fretes), portabilidade e acesso a uma biblioteca de até 3 mil livros em um único dispositivo de 300g, permitindo ao leitor ler aquilo que o “momento” lhe pede; e algumas desvantagens: a bateria, embora a do Kindle dure quase um mês sem o Wi-Fi/3G ligados, e para os que ainda estão materialmente presos ao papel, não há o cheiro ou o manuseio das páginas e nem dá para riscar do lado com um bom lápis. Mas não se trata de colocar um dispositivo contra o outro (continuo lendo livros em papel e clicando em links nos jornais online), mas de entender a emergência de novas formas de leitura já que, desde sempre, o suporte vem mudando. Deve-se reconhecer a mobilidade dos textos dos dispositivos de leitura.

Devemos pensar a materialidade dos suportes. Sempre é preciso adaptação. Tenho como hipótese que sempre que o suporte material cria hábitos corporais e práticas específicas de uso, a sua incorporação aos costumes é mais lenta e enfrenta mais resistências. Para um mesmo conteúdo, trocar os suportes, nesses casos, é sempre mais difícil. Vejamos alguns exemplos no caso do cinema ou da música. Ir ao cinema não é equivalente à experiência de ver um filme em DVD em casa. O conteúdo pode ser o mesmo, mas cinema é corpo em um ambiente. A materialidade desse conjunto de dispositivos comunicacionais (o sala, a película, o som, a luz, os espectadores, a presença de outros espectadores, a impossibilidade de interagir e interferir na visualização etc.) é bem distinta daquela de uma sala onde se assiste ao mesmo filme em um DVD, por exemplo. O corpo pede, por assim dizer, o cinema e por isso ele não é “dispensado”. Com a música é diferente. O suporte não importa, mesmo que o lugar da audição seja sempre importante. O que conta é o “onde” (o lugar importa muito e sempre, mas ele é independente do suporte) e quando se ouve. Não há manipulação (o corpo que toca) do suporte (vinil, fita, CD, DVD). Não interessa muito se o que se ouve está em um CD, MP3 ou Vinil (mesmo que existam idiossincrasias de uma minoria nessa escuta e alguns prefiram determinados suportes). Da mesma forma que o cinema, os concertos não são substituídos pela audição em casa.

No caso dos livros, o objeto que dá suporte ao texto é muito sensorial e o corpo identifica a prática de leitura exigida por esse suporte. Mesmo que o conteúdo a ser lido seja o mais importante, a prática da leitura está muito condicionada pelo suporte. Daí a dificuldade (decrescente, já que a venda de e-books tende a superar a de livros impressos) em aceitar os leitores eletrônicos. Acredito que em pouco tempo os livros impressos serão peças de coleção, de edições especiais, comemorativas, ou quando o suporte material for a tônica maior da obra. Da mesma forma as livrarias se tornarão lugares para leituras especiais de livros impressos especiais. As livrarias continuarão a existir, mas cumprindo outro papel. Não o de um grande bazar de todos os livros, mas o de um lugar de obras especiais. De fato isso já acontece com as pequenas livrarias em relação às grandes. Elas continuam a existir como um lugar diferenciado do grande bazar, sendo um espaço para maior proximidade com livros especiais (por serem impressos) e com outros leitores, com vendedores diferenciados (em muitas livrarias são até os próprios escritores) etc. Para a leitura quotidiana, os formatos eletrônicos vão superar os impressos. Eles serão complementares. Talvez a “era do impresso” tenha sido apenas um parêntese (o “parêntese Gutenberg”) na história da leitura e da escrita.



Materialidade e novas práticas: impresso, e-readers e tablets

O jornal impresso tem o papel como suporte, onde os caracteres estão previamente fixados. Ele é um produto acabado, como uma temporalidade própria (quotidiano em sua maioria) que indica uma determinada postura corporal (sentado, folheando as páginas) e momento especial de leitura, mais focado, já que o produto é oferecido de forma finalizada ao leitor. Ele é barato, portátil e descartável. Já o jornal na web é aberto, com conexão entre links que oferecem possibilidades de leituras mais rápidas e eficientes. Os caracteres (agora eletrônicos) fixam-se por demanda, a cada clique, aparecendo em uma tela iluminada, desaparecendo a cada navegação. Não há um fechamento temporal já que no jornal na web as atualizações das matérias são constantes e, diferentemente do impresso, há formatos multimidiáticos e interativos. Esse produto jornalístico oferece ainda a possibilidade de acesso à arquivos em bancos de dados criando uma gigantesca memória informacional disponível através de alguns cliques. A postura corporal, por sua vez, é bem diferente daquela do leitor do jornal impresso. O corpo curva-se sobre uma máquina, através de uma interação indireta (através de mouse e pads, diferente dos tablets e e-readers cuja ação é mais direta, semelhante a manipulação do papel). Além disso, convoca uma posição parecida com aquela de quem trabalha com computadores.

Um jornal em um leitor eletrônico, como o Kindle, por exemplo, retoma a idéia de um produto fechado, como o jornal impresso, com uma temporalidade também delimitada (a edição do dia). Ao clicar para “baixar” o jornal (comprando um exemplar ou fazendo uma assinatura), o usuário tem a versão do dia, similar à versão impressa. Os caracteres digitais fixam-se por uma “tinta eletrônica” em uma tela sem luz que emula (bem) o papel. Assim, o e-reader procura trazer de volta a experiência de se ler um livro ou um jornal em papel. Embora o dispositivo de leitura seja portátil, como o jornal impresso, ele amplia as possibilidade de acesso já que o usuário pode, em um clique, receber um exemplar em qualquer lugar do mundo, em segundos (por redes sem fio – Wi-Fi ou 3G). Pode-se ainda acumular os exemplares sem que com isso tenha que carregar os cadernos impressos (ou os livros). Com um conteúdo fechado (como um livro ou um jornal impresso), a leitura é mais “focada”, diferente do “surf” na web. A postura corporal também é diferente, seja daquela do jornal na web, seja da leitura do jornal impresso: os cadernos não são abertos em movimentos amplos dos braços, e não se está sentado com o corpo curvado em direção a um computador. A leitura é próxima daquela de um livro (as duas mãos diante dos olhos).

Já a leitura de um jornal ou de um livro em um tablet, como o iPad por exemplo, não é nem como a leitura de um jornal impresso, nem como um jornal na web, nem como a leitura em um e-reader (embora se assemelhe muito e acho mesmo que virão a se fundir no futuro próximo, aliás só há futuro próximo!). O tablet utiliza aplicativos adaptados ao dispositivo. A informação é fixada em uma tela iluminada (bem diferente do conforto dos e-readers) oferecendo a possibilidade de uma postura próxima daquela de quem lê um livro (e diferente daquela da web). Mas o conteúdo pode ser outro, mais aberto, com links, interativo, multimidiático, adaptado à tela “touch-screen” e aos movimentos de rotação do equipamento, como os primeiros livros eletrônicos em CD-ROM! Por exemplo, ao usar o acelerômetro (rodá-lo e colocá-lo na horizontal ou vertical) uma imagem pode se transformar em um vídeo, por exemplo. A tela tátil permite uma interação mais complexa e intuitiva do que aquela com o teclado para a web, ou as teclas para passar as páginas de um e-reader. A ação corporal é diferente daquela do impresso ou da web, e bem mais próxima dos e-readers, embora a interatividade crie novas exigências de apoio do dispositivo, ou de movimentos característicos.

Nesse rápido exemplo, vemos como uma análise da materialidade revela diversos agentes (dispositivos, produtores de textos, designers de software, de imagens e de sons, usuários e suas práticas e hábitos corporais, lugares constituídos, distribuidores, escritores etc.) que atuam diferentemente a depender do conteúdo, do dispositivo e das práticas corporais. Temos que analisá-los a partir dessa rede de atores que compõem, de hoje em diante, as práticas de leitura e da cadeia de produção e distribuição dos livros. Todos esses atores, humanos e não-humanos (Latour, 2005), têm um papel fundamental no processo de constituição da atual mobilidade dos processos de leitura e de escrita. Isso não é uma novidade, mas devemos considerar a sua dimensão atual. Sabemos que as transformações são uma constante na história da leitura, da escrita e do desenvolvimento dos suportes (tabuletas, pergaminhos, papiros, códex, computador, internet, celulares, e-readers, tablets…).



Referências

BLOOMFIELD et. al., Bodies, Technologies and Action Possibilities: When is an Affordance? in Sociology. 2010; 44; 415 DOI: 10.1177/0038038510362469. Versão disponível http://soc.sagepub.com/cgi/content/abstract/44/3/415

DARTON, R. A Questão dos Livros. Passado, presente e futuro. SP. Cia das Letras, 2009.

DARTON, R. Cinco Mitos sobre a Idade da informação. in Observatório da Imprensa, disponível em http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=638JDB027

Roger Chartier: "Os livros resistirão às tecnologias digitais"


Especialista em história da leitura afirma que a Internet pode se transformar em aliada dos textos por permitir sua divulgação em grande escala

por Cristina Zahar

O francês Roger Chartier - é um dos mais reconhecidos historiadores da atualidade. Professor e pesquisador da Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais e professor do Collège de France, ambos em Paris, também leciona na Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, e viaja o mundo proferindo palestras.

Sua especialidade é a leitura, com ênfase nas práticas culturais da humanidade. Mas ele não se debruça apenas sobre o passado. Interessa-se também pelos efeitos da revolução digital. "Estamos vivendo a primeira transformação da técnica de produção e reprodução de textos e essa mudança na forma e no suporte influencia o próprio hábito de ler", diz.

Diferentemente dos que prevêem o fim da leitura e dos livros por causa dos computadores, Chartier - acha que a internet pode ser uma poderosa aliada para manter a cultura escrita. "Além de auxiliar no aprendizado, a tecnologia faz circular os textos de forma intensa, aberta e universal e, acredito, vai criar um novo tipo de obra literária ou histórica. Dispomos hoje de três formas de produção, transcrição e transmissão de texto: a mão, impressa e eletrônica - e elas coexistem."

No fim de junho, Chartier - esteve no Brasil para lançar seu livro Inscrever & Apagar, em que discute a preservação da memória e a efemeridade dos textos escritos. Nesta entrevista, ele conta como a leitura se popularizou no século 19, mas destaca que bem antes disso já existiam textos circulando pelos lugares mais remotos da Europa na forma de literatura de cordel e de bibliotecas ambulantes. Confira os principais trechos da conversa.

Como era, no passado, o contato das crianças e dos jovens com a leitura?
ROGER CHARTIER A literatura se restringia às peças teatrais. As representações públicas em Londres, como podemos ver nas últimas cenas do filme Shakespeare Apaixonado, e nas arenas da Espanha são exemplos disso. Já nos séculos 19 e 20, as crianças e os jovens conheciam a literatura por meio de exercícios escolares: leitura de trechos de obras, recitações, cópias e produções que imitavam o estilo de autores antigos, como as famosas cartas da escritora Madame de Sévigné (1626-1696) e as fábulas de La Fontaine (1621-1695).

Quando a leitura se tornou popular?
CHARTIER No século 19, surgiu um novo contingente de leitores: crianças, mulheres e trabalhadores. Para esses novos públicos, os editores lançaram livros escolares, revistas e jornais. Porém, desde o século 16, existiam livros populares na Europa: a literatura de cordel na Espanha e em Portugal, os chapbooks (pequenos livros comercializados por vendedores ambulantes) na Inglaterra e a Biblioteca Azul (acervo que circulava em regiões remotas) na França. Por outro lado, certos leitores mais alfabetizados que os demais se apropriaram dos textos lidos pelas elites.O livro O Queijo e os Vermes, do italiano Carlo Guinzburg, publicado em 1980, relata as leituras de um moleiro do século 16.

As práticas atuais de leitura têm relação com as práticas do passado?
CHARTIER É claro. Na Renascença, por exemplo, a leitura e a escrita eram acessíveis a poucas pessoas, que utilizavam uma técnica conhecida como loci comunes, ou lugares-comuns, ou seja, exemplos a serem seguidos e imitados. O leitor assinalava nos textos trechos para copiar, fazia marcações nas margens dos livros e anotações num caderno para usar essas citações nas próprias produções. No século 16, editores publicaram compilações de lugares-comuns para facilitar a tarefa dos leitores, como fez o filósofo Erasmo de Roterdã (1466-1536).

Em que medida compreender essas e outras práticas sociais de leitura pode transformar a relação com os textos escritos?
CHARTIER Os estudos da história da leitura costumam esquecer dois importantes elementos: o suporte material dos textos e as variadas formas de ler. Eles são decisivos para a construção de sentido e interpretação da leitura em qualquer época. Dom Quixote de La Mancha, de Miguel de Cervantes (1547-1616), era lido em silêncio, como hoje, mas também em voz alta, capítulo por capítulo, para platéias de ouvintes. Todas as pesquisas nessa área formam um patrimônio comum com o qual os professores podem construir estratégias pedagógicas, considerando as práticas de leitura.

Que papel a literatura ocupa na Educação atual?
CHARTIER A escola se afastou da literatura, principalmente no Brasil, porque está preocupada em oferecer ao maior número possível de crianças as habilidades básicas de leitura e escrita. Mas acredito que os professores devem acolher a literatura novamente, da alfabetização aos cursos de nível superior, como mostram várias experiências pedagógicas. Na França, por exemplo, um filme recém-lançado exibe uma peça do dramaturgo Pierre de Marivaux (1688-1763) encenada por jovens moradores de bairros pobres.

Muitos dizem que desenvolver o gosto dos jovens pela leitura é um desafio.
CHARTIER Certamente. Mas é papel da escola incentivar a relação dos alunos com um patrimônio cultural cujos textos servem de base para pensar a relação consigo mesmo, com os outros e o mundo. É preciso tirar proveito das novas possibilidades do mundo eletrônico e ao mesmo tempo entender a lógica de outro tipo de produção escrita que traz ao leitor instrumentos para pensar e viver melhor.

O senhor quer dizer que a internet pode ajudar os jovens a conhecer a riqueza do mundo literário?
CHARTIER Sim. O essencial da leitura hoje passa pela tela do computador. Mas muita gente diz que o livro acabou, que ninguém mais lê, que o texto está ameaçado. Eu não concordo. O que há nas telas dos computadores? Texto - e também imagens e jogos. A questão é que a leitura atualmente se dá de forma, fragmentada, num mundo em que cada texto é pensado como uma unidade separada de informação. Essa forma de leitura se reflete na relação com as obras, já que o livro impresso dá ao leitor a percepção de totalidade, coerência e identidade - o que não ocorre na tela. É muito difícil manter um contato profundo com um romance de Machado de Assis no computador.

Essa fragmentação dos conteúdos na internet não afeta negativamente a formação de novos leitores?
CHARTIER Provavelmente sim. Na internet, não há nada que obrigue o leitor a ler uma obra inteira e a compreender em sua totalidade. Mas cabe às escolas, bibliotecas e meios de comunicação mostrar que há outras formas de leitura que não estão na tela dos computadores. O professor deve ensinar que um romance é uma obra que se lê lentamente, de forma reflexiva. E que isso é muito diferente de pular de uma informação a outra, como fazemos ao ler notícias ou um site. Por tudo isso, não tenho dúvida de que a cultura impressa continuará existindo.

As novas tecnologias não comprometem o entendimento e o sentido completo de uma obra literária?
CHARTIER Sim e não. A pergunta que devemos nos fazer é: o que é um texto? O que é um livro? A tecnologia reforça a possibilidade de acesso ao texto literário, mas também faz com que seja difícil apreender sua totalidade, seu sentido completo. É a mesma superfície (uma tela) que exibe todos os tipos de texto no mundo eletrônico. É função da escola e dos meios de comunicação manter o conceito do que é uma criação intelectual e valorizar os dois modos de leitura, o digital e o papel. É essencial fazer essa ponte nos dias de hoje.

O novo suporte tecnológico pode auxiliar a leitura, mas não necessariamente o desempenho escolar.
CHARTIER Pesquisas realizadas em vários países mostram que o uso do computador na Educação, quando acompanhado de métodos pedagógicos, melhora, sim, o aprendizado, acelera a alfabetização e permite o domínio das regras da língua, como a ortografia e a sintaxe. É preciso desenvolver políticas públicas que tenham por objetivo a correta utilização da tecnologia na sala de aula.

O senhor acha que o e-paper (dispositivo eletrônico flexível como uma folha de papel) é o futuro do livro?
CHARTIER Os textos eletrônicos são abertos, maleáveis, gratuitos e esses aspectos são contrários aos da publicação tradicional de um texto (que pressupõe a criação de um objeto de negócio). Para ser publicado, um texto deve ser estável. Na internet, os textos eletrônicos continuaram protegidos, ou seja, não podem ser alterados, e têm de ser comprados e descarregados no computador do usuário integralmente. Para mim, a discussão sobre o futuro dos livros passa pela oposição entre comunicação eletrônica e publicação eletrônica, entre maleabilidade e gratuidade.

Ao longo da história da humanidade, acompanhamos a passagem da leitura oral para a silenciosa, a expansão dos livros e dos jornais e a transmissão eletrônica de textos. Qual foi a mais radical?
CHARTIER Sem dúvida, a transmissão eletrônica. E por uma razão bastante simples: nunca houve uma transformação tão radical na técnica de produção e reprodução de textos e no suporte deles. O livro já existia antes de Guttenberg criar os tipos móveis, mas as práticas de leitura começaram lentamente a se modificar com a possibilidade de imprimir os volumes em larga escala. Hoje temos no mundo digital um novo suporte, a tela do computador, e uma nova prática de leitura, muito mais rápida e fragmentada. Ela abre um mundo de possibilidades, mas também muitos desafios para quem gosta de ler e sobretudo para os professores, que precisam desenvolver em seus alunos o prazer da leitura.

É muito fácil publicar informações falsas na Internet. Como evitar isso?
CHARTIER A leitura do texto eletrônico priva o leitor dos critérios de julgamento que existem no mundo impresso. Uma informação histórica publicada num livro de uma editora respeitada tem mais chance de estar correta do que uma que saiu numa revista ou num site. É claro que há erros nos livros e ótimos artigos em revistas e sites. Mas há um sistema de referências que hierarquiza as possibilidades de acerto no mundo impresso e que não existe no mundo digital. Isso permite que haja tantos plágios e informações falsas. Precisamos fornecer instrumentos críticos para controlar e corrigir informações na internet, evitando que a máquina seja um veículo de falsificação.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Brasileiro comprou mais livros em 2010

Disponivel em: http://nomundoeditorial.blogspot.com/2011/08/brasileiro-comprou-mais-livros-em-2010.html

Na segunda-feira, 16/08/11, o SNEL (Sindicato Nacional de Editores e Livreiros) anunciou os números da mais nova pesquisa de Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro, que aferiu os dados do mercado referentes ao ano de 2010.

Preço médio do livro recuou 4,42% entre 2009 e 2010, aponta pesquisa FIPE encomendada por entidades de classes do setor editorial.

O brasileiro, em 2010, comprou mais livros do que em 2009. Isso favoreceu um crescimento de 8,12% no faturamento do setor editorial no ano passado, que ficou na casa dos R$ 4,5 bilhões, acompanhado por um crescimento de 13,12% no número de exemplares vendidos. Este ganho de escala permitiu a manutenção da tendência da queda do preço médio do livro vendido, observada desde 2004, com um recuo em 2010 de 4,42%.

Essas são algumas das informações contidas na pesquisa “Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro”, que aferiu os dados do mercado referentes ao ano de 2010. A pesquisa é realizada anualmente pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE/USP) sob encomenda do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL) e Câmara Brasileira do Livro (CBL).



O resultado, anunciado dia 16 de agosto de 2011, na sede do SNEL, no Rio de Janeiro, revelou que, se os números são dignos de comemoração pelo setor, não chegam, porém, a causar euforia. Isso porque o crescimento real, em faturamento, fica na ordem de 2,63% a mais, em relação a 2009, quando se considera a variação de 5,35% do IPCA Livro em 2010. Além disso, se desconsiderarmos as compras feitas pelo governo e entidades sociais, o crescimento apurado foi de 2,99%, ficando abaixo da variação do IPCA.

A pesquisa detectou que o número de exemplares vendidos cresceu de 387.149.234, em 2009, para 437.945.286, em 2010. No ano passado, foram publicados 54.754 títulos, que representam um aumento de 24,97% em relação a 2009, sendo 18.712 títulos novos. Ou seja, o editor tem apostado no aumento da diversidade da oferta.

Dentre os canais de comercialização de livros, o que mais cresceu, proporcionalmente, foi a venda por porta a porta/catálogos: passou de 16,65% para 21,66% do mercado em número de exemplares. Porém, em termos de faturamento, as livrarias continuam na liderança, com 62,70% do mercado.



"É gratificante observar que o preço do livro no Brasil vem mantendo uma tendência de queda. Isso estimula o crescimento do número de leitores e desenha um futuro com mais educação, cultura e efetivo desenvolvimento", avalia a presidente da Câmara Brasileira do Livro (CBL), Karine Pansa.

Este ano, a pesquisa apresenta como novidade na sua metodologia, a realização de um Censo do Livro. Isso porque, em todo processo de inferência estatística, é recomendado que, de tempos em tempos, seja atualizado o universo da própria pesquisa. O censo foi realizado entre novembro de 2010 e abril de 2011 e afere o ano de 2009.

A pesquisa detectou que o mercado do setor editorial, em 2009, era maior do que o imaginado: corresponde a R$ 4,2 bilhões e não R$ 3,3 bilhões como o aferido na última edição do trabalho.

O censo mostrou que das 498 editoras ativas, segundo o critério da Unesco, a maioria das editoras do país (231) é formada por empresas com faturamento de até R$ 1 milhão.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Especialista em cibercultura, o francês Pierre Lévy critica intenção inglesa de controlar redes sociais e fala sobre o futuro dos livros


Disponivel em: http://oglobo.globo.com/cultura/mat/2011/08/15/especialista-em-cibercultura-frances-pierre-levy-critica-intencao-inglesa-de-controlar-redes-sociais-fala-sobre-futuro-dos-livros-925136026.asp

RIO - Há 20 anos, quando a maioria da população do mundo não tinha a menor ideia do que era a internet, o filósofo francês Pierre Lévy já estava de olho no futuro, com seus estudos sobre cibercultura e inteligência coletiva. Hoje, Lévy é uma referência, um estudioso cujas pesquisas ajudaram no desenvolvimento de ferramentas fundamentais para muitos de seus críticos do passado - entre eles, um bom número de jornalistas -, como a Wikipedia e as redes sociais.

Clleber Passus / Fronteiras do Pensamento - 14 de Agosto de 2007. Atualmente morando no Canadá, onde leciona na Universidade de Ottawa, esse profeta digital está a caminho do Brasil, para participar, no dia 25, às 19h30m, de um debate ao lado de Gilberto Gil, sobre o tema "o poder das palavras na cibercultura", no Oi Futuro Flamengo. A mesa faz parte da programação do projeto Oi Cabeça e tentará responder à difícil questão sobre o espaço que a escrita ocupa na esfera digital.

Em entrevista por telefone ao GLOBO, Lévy falou do uso das redes sociais, do futuro das mídias tradicionais, de como o preconceito contra a internet foi sendo modificado ao longo do tempo e do trabalho para desenvolver a Information Economy Meta Language (IEML), uma nova linguagem para a web à qual ele vem se dedicando nos últimos anos.
Enquanto conversamos, o primeiro-ministro David Cameron sugere que a Inglaterra crie alguma forma de controle das redes sociais, a fim de evitar as manifestações vistas na semana passada. O que o senhor acha da ideia?

PIERRE LÉVY: É uma sugestão bastante absurda. É a grande maioria da população inglesa que usa as redes sociais, e não apenas uma pequena quantidade de criminosos. Além disso, os criminosos usam as estradas, os telefones, qualquer forma de se encontrar ou de se comunicar. Não há nada específico que justifique responsabilizar as redes sociais. Sou contra qualquer tipo de censura na internet, tanto política quanto de opinião. E vale lembrar que a polícia também pode se utilizar das redes sociais para encontrar os criminosos. A mídia social pode ser uma ferramenta de combate ao crime como qualquer outra.

A intenção de Cameron lembra críticas feitas contra a cultura digital há quase 20 anos. Naquela época, em suas palestras, o senhor dizia que o preconceito das pessoas contra a cibercultura se assemelhava ao preconceito contra o rock'n'roll nos anos 1950 e 1960. Alguma coisa mudou?

PIERRE LÉVY: Sim, houve mudanças. Naquele tempo, as pessoas diziam que a internet era uma mídia fria, sem emoções, sem comunicação real. Mas hoje, com a mídia social, as pessoas compartilham músicas, imagens e vídeos. Há muitas emoções circulando nesses espaços de comunicação. O que acontecia antes era que as pessoas não sabiam do que estavam falando. O preconceito, na maioria das vezes, é gerado pela ignorância. Até mesmo com vocês, jornalistas, isso mudou. Eu lembro bem que naquela época os jornalistas tinham todo o tipo de preconceito com a comunicação digital, e hoje todos estão usando essas ferramentas.

Mas alguns grupos de entretenimento e mídia ainda tentam controlar e restringir as possibilidades da internet, sob o temor de perder rentabilidade que tinham com a venda de CDs, DVDs ou publicações impressas. O que o senhor acha que vai resultar desse embate?

PIERRE LÉVY: O problema principal é que, antes da internet, todas essas empresas vendiam informação através de suportes materiais. Só que, já um pouco hoje e certamente no futuro, não haverá suportes físicos para levar a informação. É preciso se adaptar de uma situação em que se distribuíam e vendiam objetos físicos até outra, em que se distribui e se vende informação na rede. É uma transição enorme, e é provável que muitas dessas companhias não sobrevivam à necessidade de sair de uma era em direção à outra. Há milênios, muitos dinossauros morreram numa transição parecida.

O senhor está dizendo, então, que os grupos de mídia são dinossauros?

Os grupos de mídia que não se adaptarem ao novo momento, em que as comunicações são completamente descentralizadas e mais distribuídas, serão dinossauros e vão morrer.

Mas o que vai substituir a maneira como consumimos notícias hoje?

Eu acho que as notícias serão consumidas através das redes sociais, como Twitter, Facebook ou Google+. A mídia social permite que você escolha suas fontes e ordene suas prioridades entre as fontes. Você pode personalizar a forma como vai receber as notícias. Será assim no futuro: o usuário terá a habilidade de priorizar as fontes e os temas e escolher deliberadamente o que ele quer saber. Será uma atividade que a próxima geração já vai aprender a fazer nas escolas.

Alguns críticos, porém, costumam dizer que as ferramentas de internet que temos hoje não permitem um acesso democrático à informação. O Google, por exemplo, cria um ranking de resultados que de certa forma guia sua busca...

Espera um pouco. Você não pode acusar o Google de não ser democrático. O Google não é um governo, é uma empresa. Ele lhe oferece um serviço, e ele vende anúncios que serão vistos pelo usuário para se manter. Essa discussão não passa por democracia. O que eu posso dizer é que o ranking formado pelos algoritmos do Google é bastante primitivo. São mínimas as possibilidades de personalização de seu ranking. No futuro, especialmente graças a meu IEML (risos), todos poderão ser capazes de organizar sua própria ferramenta de busca de acordo com suas prioridades. Hoje, o Google praticamente oferece um mesmo serviço para qualquer tipo de pessoa.

Em que ponto estão as pesquisas do IEML?

Eu publiquei neste ano o primeiro volume, "La sphère sémantique", e agora estou trabalhando no segundo volume. O volume 1 é sobre a origem filosófica e semântica da linguagem. Já o volume 2 vai trazer um dicionário e explicar como utilizá-lo. Deve ser lançado no ano que vem. É um projeto longo, não dá para esperar ferramentas práticas nos próximos meses, mas espero que nos próximos cinco anos possamos ver algumas aplicações.

Que aplicações o senhor espera?

O argumento principal é o da interpretação coletiva da web. É difícil dizer exatamente que tipo de aplicação. A ideia é dar às comunidades uma representação científica de seu próprio processo de comunicação. Ele poderá se assemelhar a um grande circuito de conceitos, onde você observa a circulação de emoções e atenções. Isso poderá ser utilizado para marketing, educação, comunicação e pesquisa, por exemplo. Será uma nova forma de representar a relação entre conceito e ideias na internet. O sistema de escrita que usamos hoje na web é desenhado para mídia estática. Nós ainda temos que desenvolver sistemas simbólicos de escrita que sejam capazes de explorar todas as capacidades de um computador.

O senhor usa bastante as redes sociais?

Sim, estou no Twitter, no Facebook, no Google+ e em muitas outras. Mas não recomendo isso para ninguém, é preciso muito tempo para acompanhar tudo. Eu estou em tantas redes porque é meu trabalho, preciso saber do que estou tratando. Entre todas, o Twitter é a de que mais gosto, porque ele é prático e rápido para receber e procurar informações.

Quanto tempo por dia o senhor passa conectado?

Eu fico praticamente o tempo todo conectado. Consulto enciclopédias e dicionários na internet. Ouço rádios on-line. Acho que só não estou conectado quando estou dormindo. Mas, em relação a trocar e-mails e mensagens através de redes sociais, passo de uma a duas horas por dia nessas atividades. E não assisto a TVs nem leio jornais em papel. Só leio notícias na internet.

E livros em papel?

Eu tenho um tablet, mas estou velho e ainda prefiro ler livros no papel. Certamente, no futuro, a grande maioria dos livros será lida nos tablets ou em periféricos como o Kindle, muito pela possibilidade de interatividade. Os livros passarão a ser escritos dessa forma, com esse objetivo.

No Rio, o senhor vai participar de uma mesa de debate com Gilberto Gil. O senhor conhece a obra dele?

Eu já me encontrei com o Gil pessoalmente. Ele é um grande músico, um grande artista. Mas, além disso, também é uma pessoa que tem um pensamento bastante instigante sobre as consequências da revolução da mídia e da cultura. Será bom debater com ele. (transmissão ao vivo pelo site Oi Futuro)

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/cultura/mat/2011/08/15/especialista-em-cibercultura-frances-pierre-levy-critica-intencao-inglesa-de-controlar-redes-sociais-fala-sobre-futuro-dos-livros-925136026.asp#ixzz1W2m4TuzA
© 1996 - 2011.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Como ensinar a seu filho que ler é um prazer




Disponível em: http://educarparacrescer.abril.com.br/leitura/importancia-leitura-521213.shtml

Dicas para incentivar seu filho a ler todos os dias e, assim, ter amor pelos livros.

Pesquisas do mundo todo mostram que a criança que lê e tem contato com a literatura desde cedo, principalmente se for com o acompanhamento dos pais, é beneficiada em diversos sentidos: ela aprende melhor, pronuncia melhor as palavras e se comunica melhor de forma geral. "Por meio da leitura, a criança desenvolve a criatividade, a imaginação e adquire cultura, conhecimentos e valores", diz Márcia Tim, professora de literatura do Colégio Augusto Laranja, de São Paulo (SP).

A leitura frequente ajuda a criar familiaridade com o mundo da escrita. A proximidade com o mundo da escrita, por sua vez, facilita a alfabetização e ajuda em todas as disciplinas, já que o principal suporte para o aprendizado na escola é o livro didático. Ler também é importante porque ajuda a fixar a grafia correta das palavras.

Quem é acostumado à leitura desde bebezinho se torna muito mais preparado para os estudos, para o trabalho e para a vida. Isso quer dizer que o contato com os livros pode mudar o futuro dos seus filhos. Parece exagero? Nos Estados Unidos, por exemplo, a Fundação Nacional de Leitura Infantil (National Children's Reading Foundation) garante que, para a criança de 0 a 5 anos, cada ano ouvindo historinhas e folheando livros equivale a 50 mil dólares a mais na sua futura renda.

1) Quais são os benefícios da leitura?
Segundo o Ministério da Educação (MEC) e outros órgãos ligados à Educação, a leitura:
Desenvolve o repertório: ler é um ato valioso para o nosso desenvolvimento pessoal e profissional. É uma forma de ter acesso às informações e, com elas, buscar melhorias para você e para o mundo.
Liga o senso crítico na tomada: livros, inclusive os romances, nos ajudam a entender o mundo e nós mesmos.
Amplia o nosso conhecimento geral: além de ser envolvente, a leitura expande nossas referências e nossa capacidade de comunicação.
Aumenta o vocabulário: graças aos livros, descobrimos novas palavras e novos usos para as que já conhecemos.
Estimula a criatividade: ler é fundamental para soltar a imaginação. Por meio dos livros, criamos lugares, personagens, histórias.
Emociona e causa impacto: quem já se sentiu triste (ou feliz) ao fim de um romance sabe o poder que um bom livro tem.
Muda sua vida: quem lê desde cedo está muito mais preparado para os estudos, para o trabalho e para a vida.
Facilita a escrita: ler é um hábito que se reflete no domínio da escrita. Ou seja, quem lê mais escreve melhor.

2) Quando começar a ler para meu filho?
O quanto antes. As pesquisas mostram que quem começa a ler cedo tem mais chances de se tornar um leitor assíduo. Mostram também que o contato com narrativas melhora o futuro desempenho da criança. Por isso, leia - ou conte as histórias que você conhece - para seu filho desde bebê. É importante usar a entonação e a emoção!

3) Como incentivar meu filho a ler?
Pequenos passos, como deixar os livros ao alcance das mãos e ler pelo menos 20 minutos por dia, fazem toda a diferença. Algumas dicas práticas:
Dê o exemplo e leia você também. É bom para você e excelente para seu filho, que seguirá seu modelo naturalmente.
Deixe os livros à mão para ele folhear e inventar histórias. Livros têm de ser vividos, usados, não podem parecer objetos sagrados.
Reserve um horário para a leitura e transforme em um momento de prazer. Aconchegue-se com seu filho, leia para ele, mostrando as palavras. Quando ele crescer, ajude-o na leitura.
Frequente livrarias e bibliotecas. Dê livros, gibis ou revistas de presente.
Comente sempre o livro com ele. Incentive-o a falar da história e contá-la para outras pessoas.
Empreste livros para os amiguinhos dele. Estimule a troca e as conversas.
Estimule atividades que usem a leitura - jogos, receitas, mapas

4) Como escolher um livro para meu filho?
Livros com temas atraentes e linguagem adequada para cada idade são garantia de diversão. "Para conquistar os pequenos leitores, é preciso recomendar livros pelos quais eles se interessem. Tomando o cuidado, claro, de escolher obras que proponham algum tipo de reflexão e que sejam bem escritas", diz Ana Elvira Casadei Iorio, professora do Colégio São Luís, de São Paulo (SP).
Cuidado para não forçar a barra - nunca obrigue a leitura nem indique obras impróprias para a sua faixa etária. "Se começarmos exigindo que eles leiam livros mais sérios e pesados, podemos perder o leitor", completa a professora.

5) Por que é importante que eu leia para o meu filho?
Antes de mais nada, porque isso vai estreitar o vínculo familiar... Afinal, trata-se de uma experiência compartilhada. Lendo, você ri e se emociona, mostra à criança seu lado humano e capta os sentimentos dela. Quem não se lembra da cena do filme "ET - O Extraterrestre" em que a mãe lê "Peter Pan", clássico de James M. Barrie, para a pequena Drew Barrymore: "Se você acredita em fadas, bata palmas!". E as duas batem palmas animadamente. Só Spielberg para mostrar tão bem esse momento de intimidade e alegria em família.
Quanto tempo eu devo ler para meu filho?
Nos Estados Unidos, são muitas as campanhas pró-leitura. Uma delas, da Fundação Nacional de Leitura Infantil (National Children's Reading Foundation, www.readingfoundation.org), que reúne instituições voltadas à disseminação da leitura, tem um slogan que diz muito em poucas palavras: "Leia com uma criança. São os 20 minutos mais importantes de seu dia". Ou seja, não é preciso ler por muito tempo, mas é importante inserir a leitura na rotina da criança e da família.
Como deve ser a leitura para crianças pré-alfabéticas?
Compartilhar uma história já é uma forma de leitura. "O fato de a criança ainda não saber ler convencionalmente não significa que não possa presenciar das mais variadas situações de leitura", explica Clélia Cortez, coordenadora pedagógica do Colégio Vera Cruz, em São Paulo (SP). Nesta situação, o adulto é um mediador entre a criança e o livro, ou seja, é ele quem lê para ela, de preferência com entonação e emoção. "Neste momento, o que interessa é o prazer pela leitura e o afeto que envolve o momento", reforça Clélia Cortez.
Muitos dos livros para crianças em fase de pré-alfabetização são verdadeiros brinquedos. Coloridos e dobráveis, eles são muito lúdicos, o que estimula o gosto pelos livros. "Desde pequenas, as crianças devem se sentir motivadas a ler. Elas precisam perceber a leitura como um desafio interessante e prazeroso", completa Clélia Cortez.

6) Como escolher um livro para crianças?
É importante atentar para a adequação entre a idade da criança e a faixa etária indicada no próprio livro. Indicações de parentes, amigos e principalmente, educadores, ajudam - e muito. É válido considerar também os temas que interessam mais aos pequenos leitores. Outro aspecto fundamental é apresentar às crianças narrativas simples, porém ricas - afinal os textos precisam ter vocabulário acessível, mas não podem subestimar o pequeno leitor. "Embora possa ser menor, a narrativa tem uma riqueza na construção da linguagem, até porque as crianças dessa idade estão em processo de construção da oralidade e precisam ter boas referências. A linguagem está relacionada com o pensamento, por isso a importância de oferecer ricas narrativas", diz Clélia Cortez, coordenadora pedagógica do Colégio Vera Cruz, em São Paulo (SP).

7) Como escolher um livro para adolescentes?
Para os mais velhos, vale a pluralidade de gêneros literários e finalidades - livros para divertir, para imaginar, para conhecer outras culturas, para estudar; livros que abordem valores e boas atitudes, que tenham personagens com os quais eles se identifiquem. O principal é, de novo, que tragam boas referências. "É nessa fase que os alunos estão começando a produzir seus próprios textos", diz a Lara Pecora Polazzo, professora do Colégio Santa Maria, de São Paulo (SP).

8) A leitura ajuda a aumentar o vocabulário?
Sim, a leitura ajuda a aumentar o vocabulário, pois familiariza a criança com a palavra escrita e, de quebra, ajuda a fixar a grafia correta das palavras e a construção harmônica das frases.
Textos com estrutura de repetição costumam ser muito apreciados pelas crianças. São fáceis de memorizar e ainda possibilitam a identificação das palavras repetidas, o que é importante para a alfabetização. "Ao acompanhar a leitura das palavras de um livro, a criança, mesmo que ainda não seja alfabetizada, vai sendo introduzida no mundo das letras", afirma Célia Cortez, coordenadora pedagógica do Colégio Vera Cruz, em São Paulo (SP).

9) Como diferenciar um livro ruim de um bom?
Em tese, toda leitura é bem-vinda. Ter contato com obras de diferentes estilos é fundamental. "Livros para divertir, para imaginar, para conhecer outras culturas, para estudar; livros que abordem valores e boas atitudes, que tenham personagens com os quais as crianças se identifiquem", afirma Lara Pecora Polazzo, professora do Colégio Santa Maria, de São Paulo (SP). Por isso, não há problemas em ler com interesse - compulsão, até - best-sellers como Crepúsculo ou Harry Potter. Mas os pais têm obrigação de intermediar o contato do filho com outras experiências literárias. "A orientação de um leitor mais experiente é muito importante", diz Neusa Sallai, professora do Colégio Rio Branco, de São Paulo (SP).

10) É importante que eu mesmo leia?
Sim, pois o hábito da leitura é contagiante. Se os pais, volta e meia, ficam quietinhos, mergulhados num bom livro, a criança com certeza receberá a mensagem: ler é gostoso. Por isso, dê o bom exemplo. A pesquisa "Retratos da Leitura no Brasil", publicada pelo Instituto Pró-Livro em 2009, indica que, 55% dos entrevistados que não lêem nunca viram os pais lendo e 86% nunca foram presenteados com livros na infância. Precisamos mudar isso!

11)Quer que seu filho leia mais? Então faça o mesmo e comece a substituir alguns momentos em frente à TV pela leitura.
Sempre que estiver lendo um jornal, chame seu filho para ver algo interessante que você encontrou. Pode ser uma tirinha engraçada, uma imagem ou uma notícia do interesse dele.

12)Não sabe que programas fazer com as crianças? Frequente livrarias. Deixe seus filhos folhearem os livros, leia histórias para eles e, quando possível, leve algum para casa. E, mesmo que você possa, não compre muitos num só dia. Procure manter o hábito de voltar lá outras vezes e levar um por vez.

13) Quantos livros meu filho deve ler por ano?
Segundo a Câmara Brasileira do Livro (CBL), cada brasileiro lê pouco mais de dois livros por ano. Na Inglaterra, que tem um dos melhores sistemas de ensino do mundo, a média chega a cinco livros anuais. Que tal acompanhar o ritmo dos ingleses ou, até mesmo, superá-lo?

14) Eu não tenho dinheiro para comprar livros. O que faço?
Para quem não compra livros porque são caros, é hora de abandonar a desculpa: a maioria dos brasileiros não precisa, necessariamente, gastar aos montes nas livrarias. Segundo dados do IBGE, 85% dos nossos municípios possuem bibliotecas públicas e bem equipadas! Acostume-se a frequentá-las com o seu filho e mostre quanta coisa interessante ele pode descobrir com os livros.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Leitura para bebês



Vídeo produzido pelo Projeto Entorno, uma iniciativa da Fundação Victor Civita, fala sobre a importância da leitura para os bebês (0 - 3 anos) e mostra como o trabalho com os livros realizado em algumas creches da grande São Paulo ajuda a inserir as crianças no mundo das representações.